Passei um tempo considerável pensando sobre o porquê sinto-me presa, e é
tão difícil tentar entender as origens disso. Não sei bem quando começou, talvez
não tenha tido uma marca de iniciação, acredito estar intrínseco a mim, mas
estou em uma constante busca por respostas.
Apesar de todos os meus sentimentos serem um pouco extremistas... Sinto
demais, quero demais, acredito demais, amo demais, desconfio demais e principalmente
penso
demais. Minha
racionalidade se sobressai. Às vezes acredito ser um dos meus piores defeitos. Antes de qualquer pessoa entrar de vez na minha
vida, há um certo controle sobre todas as situações, todos o sentimentos... Não
há entregas, nem expectativas, tudo é limitado. E não é permitido ultrapassar
esse limite. Essa é minha regra de sobrevivência. Confesso não ser fácil, mas
hoje já tornou espontâneo em mim. Há quem acredite que estou me privando de experiências
incríveis, mas há quem queira conseguir fazer o que faço... Ter o controle de
si, não me apegar até ser seguro. E eu sinceramente não sei no que é melhor,
apenas sei não sou corajosa suficiente pra me render tão facilmente. Entretando, depois de
uma zona de confiança formada, então a pessoa me tem, posso afirmar... Estou
completamente entregue, e toda a
precisão é deixada de lado. Enfim, estou me desviando do assunto que tinha em
mente.
Fico apavorada só de pensar em decepcionar meus pais. Esse medo me
afronta há tanto tempo, já nem tenho ideia desde quando. Sempre tive a
necessidade de ser “o exemplo” de filha, de estudante, “a certinha” entre minhas
amigas, e sempre tentei não fazer as coisas “erradas” (O "errado" a que me refiro, é de acordo com os preceitos me ensinados. Mas afinal, como saber o que é, de fato, o certo e o errado?). Meu
jeito nunca foi por querem que eu fosse assim, EU queria se assim. "O orgulho". Isso criou, e cria constantemente,
uma pressão imensa de mim sobre mim mesma. E até a algum tempo eu conseguia
lidar com isso, e até respondia as minhas expectativas, mas depois do primeiro “não”
dado a mim, está se tornando mais e mais difícil. E agora me sinto sufocada,
por saber que posso, novamente, não responder as minhas expectativas, e
decepcionar meus pais. Tento, juro que tento, me libertar dessa necessidade de
ter sempre que acertar, e me permitir errar sem que haja um duro julgamento da
minha consciência, o que parece já estar entranhado a mim, mas continuo tentando
me permitir mais, afinal é com os erros que aprendemos, não é mesmo? Será mesmo
preciso errar para aprender? Sei lá, mas é o que sempre me falaram. É tão torturante não conseguir controlar o que irá
acontecer, ter apenas que confiar na certeza de que Deus tem o melhor pra mim.